quarta-feira, maio 23, 2007

Sé Catedral

Na segunda parte do nosso passeio pelas ruas estreitas do Porto surge-nos a Sé catedral como principal ponto de passagem...

A Sé Catedral...


A diocese do Porto já tinha bispo no último quartel do séc. VI, mas não se sabe em que local estaria edificada a igreja episcopal. Em 1114, a diocese foi definitivamente restaurada, sendo seu titular D. Hugo. Em 1120, a condessa D. Teresa doou, a D. Hugo, o couto do Porto, que ficou assim a ser um senhorio episcopal, fonte de vários e frequentes conflitos com a população do burgo e com a Coroa, devido aos direitos que esse senhorio conferia aos bispos.

Sé Catedral do Porto



Nesse tempo, a primitiva Sé do Porto não passava duma modesta ermida (construída, segundo a lenda, pelo bispo D. Nónego, nos inícios do séc. X) alcandorada no cimo do morro da Pena Ventosa. Esta ermida foi destruída para dar lugar à nova Sé, que começou a ser construída sensivelmente no mesmo local, no séc. XII, ainda no tempo de D. Teresa.



Paço Episcopal


O início da sua construção data da primeira metade do século XII, e prolongou-se até ao princípio do século XIII.


Começou a ser construída em estilo românico, de que restam ainda as naves e as fachadas, nomeadamente as ameias características das igrejas-fortalezas da época, muitas vezes com dupla função de casa de oração e de local de refúgio face às investidas dos inimigos.


Do "claustro velho" românico, restam arcos com ornamentos geométricos e que integrava, outrora, o chamado "cemitério do Bispo", alguns túmulos e sarcófagos, várias peças arqueológicas e restos de obras já desaparecidas, como é o caso do portal românico da Sé, substituído pelo actual, em 1722.



A construção foi interrompida e retomada várias vezes, ficando terminada nos primeiros anos do reinado de D. Dinis (1279-1325). Mas as obras (acrescentos, melhoramentos, modificações, etc.) nunca mais pararam, ao sabor dos estilos de cada época, já que cada novo bispo queria deixar o seu nome ligado à igreja-mãe da diocese.

Rosácea


Dos tempos do estilo gótico, temos a rosácea da frontaria e o Claustro Gótico ou Claustro Novo que data de finais do séc. XIV, mandado erguer pelo bispo D. João III, homem fiel à nova dinastia de Avis. Não possuía edificações em redor, como hoje, a não ser a Sala do Capítulo (actual sacristia), a chamada crasta velha, e a capela de S. João Evangelista, com a notável arca tumular de João Gordo, Cavaleiro de Malta e almoxarife do rei D. Dinis, com estátua jacente e a Ceia de Cristo. Esta última ficava saliente, no ângulo sudeste, ao lado do terreiro da feira e nas proximidades do Paço Episcopal, a que esteve ligado por uma passagem coberta, possivelmente em madeira, para comodidade dos bispos, no seu trajecto para a catedral.

Claustros


O exterior da Sé foi muito modificado na época barroca. Cerca de 1772 construiu-se um novo portal em substituição ao românico original. As balaustradas e cúpulas das torres também são barrocas. Cerca de 1736, o arquitecto italiano Nicolau Nasoni adicionou uma bela galilé barroca à fachada lateral da Sé.


Pilhada em 1807 durante as Invasões Francesas, o magnífico retábulo em prata do altar do Santissimo (séc. XVII) foi salvo, graças a um diligente sacristão que o cobriu com gesso enganando assim as tropas do general Junot.



No século XVII a capela-mor original românica (que era dotada de um deambulatório) foi substituída por uma maior em estilo barroco. O altar-mor, construído entre 1727-1729, é uma importante obra do barroco joanino, projectado por Santos Pacheco e esculpido por Miguel Francisco da Silva. As pinturas murais da capela-mor são de Nasoni.





A sé integra três belos órgãos. Um deles, no coro-alto, marca em Portugal um periodo que dá início ao desenvolvimento organístico. Trata-se de um órgão do construtor Jann, o mesmo construtor do órgão da igreja da Lapa (Porto), ambos promovidos pelo esforço e iniciativa do Cónego Ferreira dos Santos.




Sé Catedral


Ao longo dos séculos a Sé Catedral viria a sofrer várias metamorfoses mas nunca a sua beleza se perdeu e continua a ser um importante marco na história da nossa Cidade.

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