sexta-feira, outubro 01, 2010

Vamos voltar!

Boas a todos! O nosso blog vai novamente iniciar actividade! Após muitas andanças e faltas de tempo (as crianças ocupam-nos a vida toda! :D) vamos voltar à acção! Esperam novas fotos e histórias por contar sobre o Porto!

quarta-feira, maio 23, 2007

Da Sé à Ribeira...


Da Rua das Aldas, Rua de Santana... até à Ribeira...



Pormenor fachada de Edifício na Rua de Santana

A actual Rua de Santana corresponde à antiga Rua das Aldas, documentada assim em 1362. A actual Rua das Aldas era antigamente conhecida como Rua de Pena Ventosa e a actual Rua de Pena Ventosa era a antiga Rua de Palhais.


Os motivos que estiveram subjacentes a esta mudança toponímica permanecem ainda hoje obscuros. A Rua das Aldas começava um pouco acima da confluência das ruas dos Mercadores e da Bainharia, passava a Porta de Sant'Ana (que os documentos mais antigos designam por "Portal"), subia alguns degraus (na documentação mediévica designados por "Escadas das Aldas"), e seguia burgo dentro.


Foi desde sempre uma artéria com diferentes inclinações, o que obrigou à existência de degraus para vencer os desníveis mais abruptos. Sem dúvida que a rua seria bastante mais extensa do que hoje podemos observar. Na realidade, uma parte significativa do seu itinerário foi sacrificada com a construção do Colégio dos Jesuítas.

Rua de Santana



A Rua das Aldas, hoje Rua de Sant'Ana, era uma artéria de certa importância, pois nela se rasgava a Porta de Sant'Ana, uma das quatro portas da Muralha Românica do Porto, e precisamente aquela que estava vocacionada para o acesso à zona Ribeirinha e mercantil da cidade. No entanto, no contexto das ruas do Porto episcopal seria uma rua relativamente marginal, pelo seu posicionamento periférico, agravado pelo isolamento imposto pelas diferenças de cotas, e apenas seguramente resolvido na ligação ao actual Largo da Pena Ventosa.








A Rua de Santana, para além de ter sido medievicamente conhecida por Rua das Aldas, teria também sido, nos inícios da Época Moderna, depois da construção do Colégio de S. Lourenço, dos Jesuítas, conhecida pela designação de Rua do Colégio.






A mudança toponímica, que todos os autores apontam como anterior ao séc. XVIII, deve ter ocorrido nos meados do séc. XVI. Ora, como veremos a propósito da Porta da Muralha Românica, esta passou desde pelo menos 1542 a estar consagrada a Sant'Ana, o que explica a mudança toponímica da artéria. A zona inferior desta rua, compreendida entre a Porta de Sant'Ana e a rua da Bainharia, seria em 1433 designada "Pé das Aldas". E que, por fim, em 1453 se referiam as "Escadas das Aldas, acima da Cruz de S. Domingos", ou seja, um pouco acima do Largo de S. Domingos. Seriam estas Escadas, vulgarmente designadas das Aldas.



Aqui ficam algumas imagens...





























Rua da Bainharia




Arco de Sant'Ana...


O Arco de Sant'Ana das Aldas era uma das quatro portas da velha cidade do Porto, talvez mesmo um postigo aberto no extremo da muralha do lado norte, que nesse ponto quebrava em direcção ao sul, correndo em seguida pelas trazeiras da antiga Rua dos Mercadores, paralela à de Sant'Ana. O Arco começou a ser demolido em 2 de Junho de 1821, a requerimento de Manoel Luís da Silva Leça, que do lado direito construira ali uma casa, e António Joaquim Carvalho, proprietário na mesma rua.






Do velho Arco apenas sobrevive a porta que, rasgada à esquerda, permitia o acesso ao nicho onde estava a imagem de Sant'Ana com a Virgem e o Menino, e que depois da demolição de 1821 foi recolhida na Capela de S. Crispim. Ainda hoje podemos ver; aberta na mole granítica do muro românico, a porta setecentista, com alguns degraus, que permitia o acesso e a manutenção dessa imagem, certamente homenageada com velas.



Sant'Ana



Pela Rua dos Mercadores até à Ribeira...


A Rua dos Mercadores foi, juntamente com a Bainharia e a Rua Escura, um dos eixos de circulação vital para o Porto Mediévico, ligando a zona ribeirinha, centro mercantil, ao burgo episcopal e assegurando a comunicação com as principais vias medievais que saiam do Porto.

Percorrendo a zona extra-muros desde as imediações da Porta de Sant'Ana até à Praça da Ribeira, junto ao Douro - ia, segundo documento antigo, "de Sant'Ana para baixo até a Praça da Ribeira" - ela seria, como o seu nome indica, um dos locais eleitos pelos mercadores portuenses para instalarem as suas moradias e estabelecimentos.


Algumas imagens...





Pormenor de fachada de Edifício na Rua dos Mercadores


Rua dos Mercadores



E assim terminou a nossa viagem pelas "entranhas" da zona histórica da nossa Cidade Invicta. Muita coisa ficou por dizer neste "pequeno!" post mas a seu tempo virão mais coisas deliciosas! Fica para já uma recomendação: Vale a pena visitar!

Sé Catedral

Na segunda parte do nosso passeio pelas ruas estreitas do Porto surge-nos a Sé catedral como principal ponto de passagem...

A Sé Catedral...


A diocese do Porto já tinha bispo no último quartel do séc. VI, mas não se sabe em que local estaria edificada a igreja episcopal. Em 1114, a diocese foi definitivamente restaurada, sendo seu titular D. Hugo. Em 1120, a condessa D. Teresa doou, a D. Hugo, o couto do Porto, que ficou assim a ser um senhorio episcopal, fonte de vários e frequentes conflitos com a população do burgo e com a Coroa, devido aos direitos que esse senhorio conferia aos bispos.

Sé Catedral do Porto



Nesse tempo, a primitiva Sé do Porto não passava duma modesta ermida (construída, segundo a lenda, pelo bispo D. Nónego, nos inícios do séc. X) alcandorada no cimo do morro da Pena Ventosa. Esta ermida foi destruída para dar lugar à nova Sé, que começou a ser construída sensivelmente no mesmo local, no séc. XII, ainda no tempo de D. Teresa.



Paço Episcopal


O início da sua construção data da primeira metade do século XII, e prolongou-se até ao princípio do século XIII.


Começou a ser construída em estilo românico, de que restam ainda as naves e as fachadas, nomeadamente as ameias características das igrejas-fortalezas da época, muitas vezes com dupla função de casa de oração e de local de refúgio face às investidas dos inimigos.


Do "claustro velho" românico, restam arcos com ornamentos geométricos e que integrava, outrora, o chamado "cemitério do Bispo", alguns túmulos e sarcófagos, várias peças arqueológicas e restos de obras já desaparecidas, como é o caso do portal românico da Sé, substituído pelo actual, em 1722.



A construção foi interrompida e retomada várias vezes, ficando terminada nos primeiros anos do reinado de D. Dinis (1279-1325). Mas as obras (acrescentos, melhoramentos, modificações, etc.) nunca mais pararam, ao sabor dos estilos de cada época, já que cada novo bispo queria deixar o seu nome ligado à igreja-mãe da diocese.

Rosácea


Dos tempos do estilo gótico, temos a rosácea da frontaria e o Claustro Gótico ou Claustro Novo que data de finais do séc. XIV, mandado erguer pelo bispo D. João III, homem fiel à nova dinastia de Avis. Não possuía edificações em redor, como hoje, a não ser a Sala do Capítulo (actual sacristia), a chamada crasta velha, e a capela de S. João Evangelista, com a notável arca tumular de João Gordo, Cavaleiro de Malta e almoxarife do rei D. Dinis, com estátua jacente e a Ceia de Cristo. Esta última ficava saliente, no ângulo sudeste, ao lado do terreiro da feira e nas proximidades do Paço Episcopal, a que esteve ligado por uma passagem coberta, possivelmente em madeira, para comodidade dos bispos, no seu trajecto para a catedral.

Claustros


O exterior da Sé foi muito modificado na época barroca. Cerca de 1772 construiu-se um novo portal em substituição ao românico original. As balaustradas e cúpulas das torres também são barrocas. Cerca de 1736, o arquitecto italiano Nicolau Nasoni adicionou uma bela galilé barroca à fachada lateral da Sé.


Pilhada em 1807 durante as Invasões Francesas, o magnífico retábulo em prata do altar do Santissimo (séc. XVII) foi salvo, graças a um diligente sacristão que o cobriu com gesso enganando assim as tropas do general Junot.



No século XVII a capela-mor original românica (que era dotada de um deambulatório) foi substituída por uma maior em estilo barroco. O altar-mor, construído entre 1727-1729, é uma importante obra do barroco joanino, projectado por Santos Pacheco e esculpido por Miguel Francisco da Silva. As pinturas murais da capela-mor são de Nasoni.





A sé integra três belos órgãos. Um deles, no coro-alto, marca em Portugal um periodo que dá início ao desenvolvimento organístico. Trata-se de um órgão do construtor Jann, o mesmo construtor do órgão da igreja da Lapa (Porto), ambos promovidos pelo esforço e iniciativa do Cónego Ferreira dos Santos.




Sé Catedral


Ao longo dos séculos a Sé Catedral viria a sofrer várias metamorfoses mas nunca a sua beleza se perdeu e continua a ser um importante marco na história da nossa Cidade.

terça-feira, maio 22, 2007

Passeios Pedestres pelo Porto - Parte I


Descobrir o Porto - Uma rua, várias "estórias"....


...Assim começou o nosso passeio pedestre pelas ruas do Bairro da Sé, a zona histórica ribeirinha Património Mundial da Humanidade na nossa invicta Cidade do Porto, proporcionado pela Sociedade Diálogo Cultural Lda.


Ao longo de cerca de duas horas fomos levados a conhecer as ruas tortuosas e antigas da Cidade onde vibramos com a sensação de descobrir sempre um pouco mais da nossa história! Por isso, não posso deixar de partilhar com todos vocês tudo aquilo que a Cidade nos oferece!




Portuscale...

A área ocupada hoje pelo Porto foi cenário da vida humana desde o Paleolítico superior. Não existe ainda consenso onde surgiu o núcleo da antiga cidade inserindo-se aqui o problema da discussão de Cale e Portucale. Cale (Calem) aparece no Itinerário de Antonino (séc. II. d.C.) e será apenas o ponto de passagem entre as duas margens do Douro e terá o sentido de abrigo, isto é, de porto. A Cale os romanos juntaram portus (Portuscale, Portucale).


Vias Romanas fundamentais na ligação entre a Lusitânia e a Galécia


Mendes Correia, situa Cale no morro do Corpo da Guarda, na área mais tarde designada Cividade, como local de povoamento pré romano que precede o Porto. Perto, o morro de Pena Ventosa, onde se levanta a Sé, teria igualmente uma ascendência pré-romana. Portucale ficaria ainda junto do Douro na zona ribeirinha.


A confirmar estará a origem da própria palavra, à qual têm sido atribuídos muitos sentidos, mas que no seu étimo (Cal, Kal) significa pedra, rocha, lugar elevado e rochoso, Portuscale (do nome romano Portus + Cale), Portuscale era de principio o Porto de Cale, que ficava na foz do rio de Vila (que corria onde hoje é a Rua Mouzinho da Silveira). Alguns séculos mais tarde, (documentalmente desde o 1º quartel do séc. XII, mas na prática já antes) a cidade passou a designar-se por Portus, Porto com o 1º elemento do nome, caindo a parte final.


Morro de Pena Ventosa...

Imensas descobertas arqueológicas permitem atribuir relevo especial ao morro de Pena Ventosa (literalmente Monte dos Vendavais), aí certamente o lugar da antiga Cale e a origem do Porto.


De verdade histórica indiscutível, é a existência de dois muros defensivos no Porto, ambos medievais: A muralha dita sueva (cerca velha) e a muralha fernandina (cerca nova), das quais existem ainda hoje vestígios. Situam-se nos mais recuados séculos da idade média a época em que se ergueu a primeira muralha em volta da cidade no modesto povoado castrense no alto do morro da Pena Ventosa. Situada no alto do morro da Pena Ventosa, encontramos a Sé Catedral cujas primeiras referências históricas datam do séc VI (primitiva Sé da Igreja Portucalense).

Postigo do Carvão - Vestígios da Muralha Fernandina

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Cheias no Douro...

1909...

Entre os dias 17 e 25 de Dezembro de 1909, as águas do Douro sobem de nível e a sua corrente arrasta tudo o que encontra. Em tempo de Natal a tragédia aconteceu. Havia já alguns dias que a chuva caía copiosamente.

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Nesse tempo o rio Douro não tinha barragens para lhe moldarem a rudeza do carácter e lhe domesticarem as suas águas bravas. O Douro apenas obedecia às ordens da sua mãe: a Natureza.


Na Madrugada de 21 de Dezembro detectou-se uma subida do rio, fora do normal. No Cais dos Guindais, no Porto, onde os rabelos descarregavam os produtos agrícolas vindos do Alto-Douro, estava tudo inundado. As balanças e os guindastes para o descarregamento das mercadorias, tinham só a parte superior de fora.

Durante a tarde afundam-se duas barcaças no lado de Gaia, com elas desaparecem os carregamentos que traziam toros de pinheiro e de carvão. Eram horas de expectativa e muita ansiedade. A chuva continuava a cair com intensidade, sem parar. A maré subia e invadia com suas águas os estabelecimentos comerciais e habitações das zonas ribeirinhas do Porto e de Gaia. Em Gaia mais 11 barcas de carga eram arrastadas pela corrente, acabando por se despedaçarem contra os vapores fundeados no Cais do Cavaco.


Na manhã do dia 22, o mercado ribeirinho da Gaia «fugira» para a Rua Direita. No Porto, a Praça da Ribeira estava meia encoberta de água. Ao fim do dia, no Porto, a Praça da Ribeira, estava submersa. Na noite desse sinistro dia 22 de Dezembro, o céu estava negro, o vento sul soprava demolidor, as águas corriam fortes e barrentas.


A medição da velocidade do caudal registava as 11 milhas horárias, entretanto um telegrama chegava da Régua, o qual dizia que as águas continuavam a subir, sem parar. Era a catástrofe. Às primeiras horas do dia 23, o rio galgava o Muro dos Bacalhoeiros, no Porto. O pânico estava instalado entre os moradores das duas margens do Douro. A força das águas arrastou tudo, a Foz parecia um cemitério de restos de embarcações.

Ao meio-dia, com a praia-mar, o nível do rio estava a cerca de 80 centímetros do tabuleiro inferior da ponte Luís I. É programada a demolição deste com explosivos. Está batido em um metro o recorde das cheias de 1860. Os episódios trágicos multiplicam-se.



No início da tarde, perante os olhares atónitos dos milhares de pessoas que se encontravam nas margens, um pequeno bote faz a sua descida para a morte — no interior apenas um vulto, o de um homem, vindo sabe-se lá donde, de joelhos, as mãos postas a bradar a Deus e aos homens que o salvem. Num repente, defronte da Alfândega, a embarcação vira-se e é engolida, desaparecendo para nunca mais ser vista.

As notícias da época falam de suicídios, gente que ficou na miséria e desesperou. Ao anoitecer do dia 23, a chuva e o vento abrandam. Na manhã do dia 24 a cheia retrocede. No dia 25 o Sol brilha radioso. Podia-se enfim, dar atenção ao Natal e aos desafortunados moradores ribeirinhos que tinham ficado sem lar.

Apesar da desastrosa violência com que a cheia de 1909 arruinou o Natal aos Portuenses a verdade é que a beleza das imagens que a cheia nos proporciona é fantástica, ainda que aterradora... Hoje a cidade dorme mais descansada e é único apreciar estas imagens da pequena cheia que tivémos este ano.

Aqui ficam para memória...

quinta-feira, maio 18, 2006

Seja bem vindo o Verão!!

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Com esta imagem veranil da costa do Grande Porto vos deixo a sonhar com o calor!

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Agostinho da Silva

Latinista e filólogo, educador e ensaísta, filósofo e tradutor, entomologista e matemático, divulgador cultural, fundador de universidades e de centros de estudos, político e lutador pela(s) liberdade(s), independente e inconformista!
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Detentor de espírito livre e incansável defensor da plena realização e da libertação pessoal, capaz de contagiar com a força das suas ideias, Agostinho da Silva percorreu o século XX e os cinco continentes falando do passado para expressar projectos de futuro: ver reconhecido o valor da Língua Portuguesa como veículo de união entre povos, unidos em fraternidade universal.


No dia do Centenário do seu nascimento.... há que relembrar este génio e Grande Homem!

sexta-feira, janeiro 27, 2006

PERDOEM-ME!!!!

Voltei meus amigos!!!!!
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Ponte D. Luís (Setembro 2005)
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Após prolongada ausência devido a uma terrível e incontrolável onda de trabalho (desde Outubro :S !!!!!!!!) da qual apenas sobrou a minha sombra, VOLTEI para fazer as delícias (espero!!) dos aficionados pela nossa cidade!!
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Hoje ainda não vos posso deixar nada a não ser esta bela fotografia representativa de um dos sítios fabulosos desta cidade e dos quais já tenho saudades!
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Ribeira Porto (Setembro 2005)
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Volto com novas histórias e provocações!
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Beijinhos a todos!