segunda-feira, dezembro 11, 2006

Cheias no Douro...

1909...

Entre os dias 17 e 25 de Dezembro de 1909, as águas do Douro sobem de nível e a sua corrente arrasta tudo o que encontra. Em tempo de Natal a tragédia aconteceu. Havia já alguns dias que a chuva caía copiosamente.

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Nesse tempo o rio Douro não tinha barragens para lhe moldarem a rudeza do carácter e lhe domesticarem as suas águas bravas. O Douro apenas obedecia às ordens da sua mãe: a Natureza.


Na Madrugada de 21 de Dezembro detectou-se uma subida do rio, fora do normal. No Cais dos Guindais, no Porto, onde os rabelos descarregavam os produtos agrícolas vindos do Alto-Douro, estava tudo inundado. As balanças e os guindastes para o descarregamento das mercadorias, tinham só a parte superior de fora.

Durante a tarde afundam-se duas barcaças no lado de Gaia, com elas desaparecem os carregamentos que traziam toros de pinheiro e de carvão. Eram horas de expectativa e muita ansiedade. A chuva continuava a cair com intensidade, sem parar. A maré subia e invadia com suas águas os estabelecimentos comerciais e habitações das zonas ribeirinhas do Porto e de Gaia. Em Gaia mais 11 barcas de carga eram arrastadas pela corrente, acabando por se despedaçarem contra os vapores fundeados no Cais do Cavaco.


Na manhã do dia 22, o mercado ribeirinho da Gaia «fugira» para a Rua Direita. No Porto, a Praça da Ribeira estava meia encoberta de água. Ao fim do dia, no Porto, a Praça da Ribeira, estava submersa. Na noite desse sinistro dia 22 de Dezembro, o céu estava negro, o vento sul soprava demolidor, as águas corriam fortes e barrentas.


A medição da velocidade do caudal registava as 11 milhas horárias, entretanto um telegrama chegava da Régua, o qual dizia que as águas continuavam a subir, sem parar. Era a catástrofe. Às primeiras horas do dia 23, o rio galgava o Muro dos Bacalhoeiros, no Porto. O pânico estava instalado entre os moradores das duas margens do Douro. A força das águas arrastou tudo, a Foz parecia um cemitério de restos de embarcações.

Ao meio-dia, com a praia-mar, o nível do rio estava a cerca de 80 centímetros do tabuleiro inferior da ponte Luís I. É programada a demolição deste com explosivos. Está batido em um metro o recorde das cheias de 1860. Os episódios trágicos multiplicam-se.



No início da tarde, perante os olhares atónitos dos milhares de pessoas que se encontravam nas margens, um pequeno bote faz a sua descida para a morte — no interior apenas um vulto, o de um homem, vindo sabe-se lá donde, de joelhos, as mãos postas a bradar a Deus e aos homens que o salvem. Num repente, defronte da Alfândega, a embarcação vira-se e é engolida, desaparecendo para nunca mais ser vista.

As notícias da época falam de suicídios, gente que ficou na miséria e desesperou. Ao anoitecer do dia 23, a chuva e o vento abrandam. Na manhã do dia 24 a cheia retrocede. No dia 25 o Sol brilha radioso. Podia-se enfim, dar atenção ao Natal e aos desafortunados moradores ribeirinhos que tinham ficado sem lar.

Apesar da desastrosa violência com que a cheia de 1909 arruinou o Natal aos Portuenses a verdade é que a beleza das imagens que a cheia nos proporciona é fantástica, ainda que aterradora... Hoje a cidade dorme mais descansada e é único apreciar estas imagens da pequena cheia que tivémos este ano.

Aqui ficam para memória...

2 comentários:

_- aNDRey-_ disse...

Realmente Susy... A cena em si aterradora, mas imagens q ficam p a posteridade saum de extrema e raríssima beleza.

Teu blog tah liiiindoooo...

Bjkas do amigo Andrey

P.S. Te adicionei no meu outro msn... the_-safer-_... ;)

Susy disse...

Obrigada Andrey!
Tem andado paradito, mas hei-de voltar ao ataque! ehehehehe

Beijinhos!!