Quem vem e atravessa o rio
junto à serra do Pilar
vê um velho casario
que se estende até ao mar
Quem te vê ao vir da ponte
és cascata são-joanina
erigida sobre um monte
no meio da neblina
Por ruelas e calçadas
da Ribeira até à Foz
por pedras sujas e gastas
e lampiões tristes e sós
E esse teu ar grave e sério
dum rosto de cantaria
que nos oculta o mistério
dessa luz bela e sombria
Ver-te assim abandonada
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa
Carlos Tê
2 comentários:
Tê, Rui Veloso e Ribeira... combinação explosiva e que transpiram Porto por todos os lados... ;)
Lembro-me desta música sempre que faço viagens de comboio de regresso ao Porto. Ao chegar a Gaia sou sempre atingido por um saudosismo terrível, próprio de quem está contente por voltar a casa mas triste por ver a viagem a acabar. Depois é olhar para a paisagem e deixar que ela nos deslumbre!
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