Agora que tanto se fala do projecto de requalificação da Avenida dos Aliados, parece-me engraçado recordar a evolução da Praça da Liberdade ou melhor do antigo Campo das Hortas onde esta foi construída, e do sítio do Laranjal, ao longo do qual se viria a rasgar a Avenida dos Aliados.
Até aos finais do século XV a cidade do Porto confinava-se ao interior da muralha fernandina, ao longo da qual havia várias portas e postigos. Um desses, aberto em 1408, chamado Postigo dos Carros, deu origem, em 1521, a uma porta com o mesmo nome. Ficava num local que hoje podemos indicar como tendo sido em frente à entrada principal da igreja dos Congregados. Esta Porta abria para a estrada de Guimarães, para o Campo das Hortas e para o Laranjal, onde ainda corria o rio de Liceiras e outros pequenos cursos de água, hoje canalizados.
Ao longo da sua existência, a Praça da Liberdade conheceu, várias designações toponímicas, ao sabor dos acontecimentos que foi testemunhando. Foi aberta no século, XVIII, no então chamado Campo das Hortas (antes de 1711), Casal de Novais (no século XV), Largo da Natividade (depois de 1682, devido à fonte lá construída nesse ano), Praça Nova das Hortas (depois de 1711), Praça da Constituição (l820), Praça Nova (de novo, em 1823), Praça de D. Pedro IV (l833), Praça da República (l3 de Outubro de 1910) e Praça da Liberdade (desde 27 de Outubro de 1910).
A sua construção deveu-se ao progressivo crescimento da cidade e foi o bispo D. Tomás de Almeida (l709-1717), quem mandou abrir na muralha o Postigo de Santo Elói para maior comodidade da população, dotando o então Campo das Hortas com um grande átrio. Nela se registaram os principais factos históricos da cidade desde o século XIX.
Foi lugar de encontro de políticos, escritores e artistas e transformou-se no verdadeiro coração social e político do Porto. Entre os seus marcos ficarão para sempre a morte por forca dos liberais, em 1829, (depois reabilitados como «mártires da liberdade») e nela foi também proclamada a República, pela primeira vez no País, em 31 de Janeiro de 1891. Em 1866, é oficialmente inaugurado o monumento ao rei liberal, uma homenagem da Cidade a D. Pedro IV.
Em 1916, quando a Câmara decidiu rasgar a moderna Avenida dos Aliados e construir, no fecho do topo norte, o majestoso edifício camarário, desapareceram muitos dos velhos edifícios que circundavam a então Praça de D. Pedro IV (entre os quais os emblemáticos cafés Suísso e Guichard, locais «obrigatórios» de encontro de políticos e homens de letras), substituídos pelas modernas construções que agora ladeiam a praça.
Desapareceu também a Fonte da Arca ou da Natividade, uma grandiosa e vistosa fonte seiscentista e os respectivos tanques, que ocupavam o lado ocidental da praça, à entrada da Rua dos Clérigos. O único dos edifícios dos século XIX é o Palácio das Cardosas, ainda existente no local.
4 comentários:
Excelente este retrato histórico da nossa Avenida dos Aliados!
Apesar de ter andado "ausente" deste nosso Blog prometo que voltarei à carga a partir da próxima semana! (Finalmente!!!!!)... claro.. dependendo se o meu querido irmão me devolver o computador!!!
E para "rechear" ainda mais esta história sbre a Avenida dos Aliados irei abordar uma bela Capela que foi demolida precisamente para dar lugar à Avenida dos Aliados! E claro, não podiam ficar sem umas belas fotografias antigas e recentes do local!!
;D Beijinhos a todos!
Ficamos à espera dos posts sobre a história do Porto que tanto caracterizam o Inbikta!
Escrever isto sem nenhuma referência bibliográfica vale tanto como fazer copy paste!(pode apagar depois de ler...)
Para que conste
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